quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Projeto de Formação

DIOCESE DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM –ES

Seminário Maior “São João Maria Vianney”




SUMARIO

Palavra do Bispo Diocesano

O processo formativo presbiteral na perspectiva da comunhão e da participação

Contexto

Fundamentos

I – Seminário Maior “São João Maria Vianney”

I.1 – Objetivo geral

I.2 – Agentes da formação

I.3 - Acompanhamento

I.4 – Ofícios e serviços

II – Quadro Global e Progressivo da Formação Presbiteral no Seminário Maior

II.1 – Primeira fase da formação no Seminário Maior (filosofia): Grupo de Vida “João Paulo II”

II.1.1 – Objetivo da primeira fase

II.1.2 – Elementos a considerar

A – Respondendo à pergunta: Quem sou eu? (Identidade)

a) Dimensão Humano-afetivo-sexual

b) Dimensão Espiritual

B – Respondendo à pergunta: Com quem sou eu? (Intimidade)

c) Dimensão Comunitário-eclesial

C – Respondendo à pergunta: Para quem sou eu? (Generatividade)

d) Dimensão Intelectual

e) Dimensão Pastoral

II.1.3 – Do término da filosofia

II.2 – Segunda fase da formação no Seminário Maior (teologia): Grupo de Vida “Paulo VI”

II.2.1 – Objetivo da segunda fase

II.2.2 – Elementos a considerar

A – Respondendo à pergunta: Quem sou eu? (Identidade)

a) Dimensão Humano-afetivo-sexual

b) Dimensão Espiritual

B – Respondendo à pergunta: Com quem sou eu? (Intimidade)

c) Dimensão Comunitário-eclesial

C – Respondendo à pergunta: Para quem sou eu? (Generatividade)

d) Dimensão Intelectual

e) Dimensão Pastoral

III – Dos ministérios e ordenações

IV – Da manutenção

V – Disposições gerais


PALAVRA DO BISPO DIOCESANO


Tenho a alegria de apresentar o PROJETO DE FORMAÇÃO DO SEMINÁRIO MAIOR “SÃO JOÃO MARIA VIANNEY”, de nossa Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, aos nossos Presbíteros e Seminaristas e à toda nossa Diocese.
É nosso dever manter nosso Seminário Maior “São João Maria Vianney” como a Comunidade de Vida e de Formação para nossos jovens que aspiram o Presbitério, como também é nossa preocupação fazer desta Comunidade de Vida e de Formação uma instituição séria e fundamentada nas Orientações que emanam dos Documentos do Magistério da Igreja, das Diretrizes sobre a Formação da CNBB e de todas as exigências que a realidade brasileira e latino-americana nos inspiram na formação dos nossos Presbíteros.
Este PROJETO DE FORMAÇÃO, elaborado em sua primeira redação pelo nosso dedicado Pe. Helder Salvador, Reitor de nosso Seminário Maior, modificado pelas observações dos membros do Conselho de Formadores de nossa Diocese de Cachoeiro de Itapemirim e dos nossos Seminaristas, obedece à uma inspiração e à uma prática de vida, evitando devaneios inúteis a respeito daquilo que é o mais fundamental para a vida de uma Igreja Particular: o cuidado formativo de seus futuros Presbíteros.
Ao tomar conhecimento do texto do Projeto de Formação e procurando acompanhar a realidade do que vemos e experimentamos em nossa Diocese, sentimos que nossos esforços e dedicação na acolhida e no acompanhamento de nossos candidatos à Vida Presbiteral e aos nossos Seminaristas, tem sido compensados. Nossos jovens têm correspondido, tornando-se eles próprios co-responsáveis no processo de sua formação.
Que Deus possa iluminar nossos Formadores em sua delicada missão de formar nossos futuros Presbíteros, dando-lhes igualmente a recompensa por todo bem que realizam na vida de nossos Seminaristas.
Peçamos ao Senhor da Messe por novos operários da Messe! Peçamos também pela perseverança de nossos Seminaristas e que tenhamos sempre bons, alegres, dedicados e felizes Presbíteros em nossa Diocese de Cachoeiro de Itapemirim.


D. Célio de Oliveira Goulart,
Bispo Diocesano.
Cariacica, 13 de agosto de 2004,
aniversário de ordenação presbiteral de “S. J. M. Vianney”



O PROCESSO FORMATIVO PRESBITERAL NA PERSPECTIVA DA COMUNHÃO E DA PARTICIPAÇÃO


Breve Histórico:

O Seminário Diocesano foi criado em 1987, com duas casas de formação: Seminário de Filosofia "Bom Pastor", em Cachoeiro de Itapemirim, com suas Diretrizes Básicas de Orientação do Seminário, e, Seminário de Teologia "São João Maria Vianney”, em Cariacica. Inspirando-se nos documentos da Igreja sobre a formação presbiteral, sobretudo, no documento da CNBB “Formação dos Presbíteros na Igreja do Brasil” (n° 30), começa a formação dos candidatos ao presbiterado na própria diocese, tendo como paradigmas as cinco dimensões: humano-afetivo-sexual, espiritual, comunitário-eclesial, intelectual e pastoral.
Com o transcorrer do tempo, muitos passos foram dados, chegando-se à conclusão da necessidade do Propedêutico, como fase de discernimento vocacional. O mesmo foi instalado em Cachoeiro, junto ao Seminário de Filosofia. Devido à realidade sócio-cultural da diocese, tornou-se também necessária a criação do Seminário Menor, como comunidade educativa que levasse os jovens candidatos a um reto discernimento da própria vocação e ao desenvolvimento das qualidades e aptidões humanas, cristãs e apostólicas, necessárias para a opção ao ministério presbiteral.
Em 1997, diante de novas situações sócio-eclesiais, o processo de formação necessitou se readaptar: o Seminário de Filosofia instalou-se em Cariacica e em agosto de 1999 constituiu-se o Seminário Maior “São João Maria Vianney”, como uma única comunidade formativa composta por dois grupos de vida (filosofia e teologia).
Por algum tempo o processo formativo caminhou seguindo linhas gerais de atuação com documentos provisórios. Até que, em fevereiro de 1998 foi elaborado e publicado o documento “Diretrizes Gerais da Ação do Seminário Maior da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim”, que continha a orientação da formação presbiteral e que ofereceu as linhas gerais da ação formativa até então.
A constituição do Seminário Maior “S. João Maria Vianney” como uma única comunidade formativa composta por dois grupos de vida (filosofia e teologia), pela sua própria dinâmica pedagógico-educativa, exigiu muitas adaptações e re-estruturações nas Diretrizes Gerais, configurando o atual Projeto de Formação do Seminário Maior “São João Maria Vianney”, que, estando já sendo vivido, é agora oficialmente publicado.

Fundamentos:

Antes de explicitar o projeto formativo, urge ressaltar que este não basta por si só. Sempre se faz necessário voltar às suas fontes de inspiração, seja primeiramente as do Concílio Vaticano II, que pela “Optatam Totius” e “Presbiterorum Ordinis” pede que se volte às fontes bíblicas para buscar o modelo de presbítero em Cristo Jesus, o Bom Pastor, até a PASTORES DABO VOBIS (1991). Também é necessário olhar para o âmbito da Igreja no continente latino-americano, com Medellín (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992). Com especial carinho acolher o que afirma a CNBB, por meio dos seus documentos: “Igreja: comunhão e missão na evangelização dos povos”, nº 40 (1998), “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil nº 71 (2003-06). Nestes últimos documentos, de modo especial, reflete-se a compreensão da Igreja no Brasil e sua missão. Cabe ainda lembrar que, com especial carinho, considere-se a “Formação dos presbíteros da Igreja no Brasil – diretrizes básicas”, nº 55 (1994).
A formação presbiteral na diocese de Cachoeiro de Itapemirim, além das orientações e inspirações acima, necessita pautar-se nas orientações contidas no “Diretório Diocesano da Vida Sacramental” (2002), bem como no “Plano Diocesano de Pastoral”, revisado periodicamente; e neste, de modo especial, haurir a sua visão e perspectiva da Igreja.
Este documento quer ser um guia seguro no caminho da formação no Seminário Maior na diocese de Cachoeiro de Itapemirim, sem, contudo, pretender esgotar a complexidade dos desafios emergentes neste campo.

I - SEMINÁRIO MAIOR “SÃO JOÃO MARIA VIANNEY”

1. O Seminário Maior é a instituição eclesial educativa, da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim - ES, que sustenta e orienta o processo pedagógico de discernimento e formação dos candidatos ao ministério presbiteral com as graças e as responsabilidades próprias pelas quais o sacerdote é configurado a Jesus Cristo, Cabeça e Pastor, e é habilitado e comprometido a partilhar a sua missão de salvação na Igreja e no mundo.

Enquanto comunidade educadora, o Seminário Maior é o período conclusivo do processo de discernimento vocacional, de cuja inteira vida participam solidariamente formandos e formadores, na vivência das quatro áreas básicas da vida comunitária (oração, relações pessoais, estudo e serviço), em suas duas fases, que correspondem – na vida interna, na organização e na vivência formativa – a dois grupos de vida: “João Paulo II” (filosofia) e “Paulo VI” (teologia). Estes dois momentos estão empenhados na formação, maturação e crescimento nas cinco dimensões, que visam responder, cada uma, a três questões fundamentais: “quem sou eu?” (identidade) – dimensões humano-afetivo sexual e espiritual; “com quem sou eu?” (intimidade) – dimensão comunitário-eclesial; e “para quem sou eu?” (generatividade) – dimensões intelectual e pastoral dos futuros presbíteros.

I. 1 - Objetivo Geral:

2. Proporcionar ao formando a realização de uma experiência de integração de sua humanidade a nível pessoal e comunitário, como também de vida e intimidade com Cristo através de uma comunidade educadora, fraterna e solidária, e levá-lo a vivenciar sua vocação a santidade, constituindo um itinerário humano-teológico-espiritual-pastoral a partir do aprofundamento nas verdades reveladas por Deus em Jesus Cristo e da experiência testemunhal de fé da Igreja no seguimento a Jesus, enquanto homem celibatário. Para, num diálogo freqüente e progressivo à luz da fé, chegar ao reconhecimento e a autenticidade da sua vocação (presbiteral), na preparação para o exercício consciente e livre do seu ministério pastoral.

I. 2 - Agentes da formação:

3. A ação formativa, centrada na pessoa e na vida comunitária mais que na estrutura, visa superar os riscos da massificação ou despersonalização, permitindo ampla abertura aos dotes e inclinações pessoais e manifestação da individualidade e originalidade de cada um. Cientes de que o pessoal plenifica-se no comunitário, formando e formador, buscando a autenticidade da vocação, são chamados a construir o caminho formativo num diálogo freqüente e progressivo à luz da fé.

4. O Bispo Diocesano como o primeiro responsável pela formação dos futuros presbítero acompanha e orienta todo o processo formativo: presidindo as reuniões do Conselho de Ordens e Ministérios, reunindo-se periodicamente com a equipe de formação, visitando mensalmente o Seminário Maior, ouvindo pessoalmente cada seminarista e reunindo-se periodicamente com os mesmos. Pela sua presença ajuda o seminário a viver a sua inserção na Igreja Diocesana e a sua comunhão com o Pastor que a guia, como também estimula e dá autenticidade àquele fim pastoral que constitui a especificidade da completa formação dos seminaristas.

a) Os formandos:

5. O próprio formando é o protagonista necessário e insubstituível de sua formação:
· colaborando pessoal e convictamente com os educadores através do diálogo freqüente e progressivo à luz da fé, a fim de reconhecer a autenticidade da vocação;
· assumindo como parte integrante de sua formação a vivência das quatro áreas básicas da vida comunitária: oração, relações pessoais, estudo e serviço;
· empenhando-se na formação e crescimento nas cinco dimensões da formação: humano-afetivo-sexual, espiritual, comunitário-eclesial, intelectual e pastoral;
· contribuindo de alguma maneira para o seu próprio sustento, tendo a possibilidade de lecionar nas escolas de teologia e/ou outras atividades. Considerando sempre que o trabalho não deve dificultar a dedicação cada vez mais exigida pela seriedade e intensidade dos estudos, nem prejudicar os demais aspectos do processo formativo, e que é importante verificar no trabalho o critério formativo e pastoral, e não apenas a preocupação financeira.

b) A equipe de formação:

6. A equipe de formação no Seminário Maior “S. J. M. Vianney” é composta por um reitor (formador), um ecônomo e orientadores espirituais, valendo-se da assessoria psicológica para cada grupo de vida.

Sua função é garantir e orientar todo o processo de discernimento do formando, lembrando que todo processo é educativo e seletivo, exigindo em cada fase o que se supõe necessário à mesma, numa dinâmica interativa e de avaliação grupal, tendo a responsabilidade última na caminhada de discernimento vocacional, julgando se o formando apresenta as condições humanas e de fé para prosseguir no processo de formação.

É de se supor que a partir dos trabalhos realizados, o formando caminhe junto à equipe numa decisão horizontal e de responsabilidades divididas.

É tarefa da equipe de formação ajudar a cada um a discernir não só se é chamado por Deus, mas se tem condições humanas e de fé para assumir o que o presbiterado supõe como bases humanas: o celibato, o trabalho em conjunto, a aceitação da autoridade.

Em certos casos, os formadores deverão ajudar o formando a procurar orientação psicológica especializada, ou mesmo ausentar-se do seminário por um período, nunca inferior a um ano, a fim de que trabalhe questões, nem sempre possíveis de serem trabalhadas em grupo e/ou dentro do seminário.

7. O reitor preside o processo de formação em sintonia com a equipe de formação. Tem como responsabilidade:

· representar o seminário;
· possibilitar e orientar o formando na vivência e no acompanhamento das quatro áreas básicas da vida comunitária: oração, relações pessoais, estudo e serviço;
· acompanhar e orientar o discernimento vocacional de cada formando, a partir das cinco dimensões da formação na vivência cotidiana no seminário;
· garantir que todo processo de formação seja devidamente planejado, acompanhado e avaliado, evitando improvisações, imediatismo, empirismo e pragmatismo;
· responder pelos encaminhamentos formativos pessoais e comunitários;
· acolher o formando no seminário;
· apresentar o formando ao Conselho de Ordens e Ministérios para sua aprovação;
· administrar o uso dos bens do seminário;
· proporcionar que o próprio formando seja co-responsável na manutenção da vida do seminário.

8. O ecônomo auxilia o reitor no gerenciamento econômico do seminário. É de sua competência:

· Auxiliar o reitor no gerenciamento financeiro do seminário maior;
· Assinar conjuntamente com o reitor a conta bancária;
· Preparar no final de cada ano, juntamente com o reitor, o orçamento das receitas e despesas, previstas para a administração do seminário no ano seguinte;
· Conferir, no final de cada mês, a prestação de contas a ser enviada à cúria diocesana;
· Ajudar a zelar e manter o prédio do seminário;
· Ajudar a discernir a aplicação das doações enviadas pelos benfeitores e o Movimento SERRA;
· Ajudar nas arrecadações de bens para a manutenção do seminário envolvendo as comunidades eclesiais, movimentos e famílias dos vocacionados;
· Participar das reuniões do Conselho de Ordens e Ministérios.

9. Os orientadores espirituais cooperam no processo de formação espiritual, oferecendo apoio e orientação à vida espiritual de modo comunitário, grupal e pessoal, guiando o futuro presbítero à aquisição daquelas virtudes teologais e humanas que são, hoje, mais necessárias. Devem, ainda, introduzir o formando em um itinerário espiritual, de acordo com a evolução das situações e o dinamismo da vida da Igreja, como também, de acordo com o momento formativo em que se encontra.

10. A assessoria psicológica, trabalhando com os grupos de vida em separado, colabora com o processo de maturação psico-afetivo-sexual do formando, como um auxílio no discernimento da autêntica vocação ao sacerdócio. A orientação psicológica é, geralmente, realizada em grupo. Em certos casos a formação deverá ajudar o formando a procurar orientação psicológica especializada.

I. 3 – Acompanhamento

11. A preparação do formando para ingressar no presbitério requer que o próprio seminário seja comunidade que o prepare para o espírito e o trabalho comum de um corpo pastoral, ao mesmo tempo único e diverso. Para tanto, é preciso haver ambiente propício que seja terreno fértil para o surgimento de amizades. O compromisso de solidariedade fraterna, dentro de uma dinâmica de grupo de vida, supõe: diálogo habitual sobre áreas importantes da vida pessoal, convite à transparência na partilha, apoio oportuno em momentos de dificuldade, exemplos adequados nas áreas da fortaleza individual dos membros do grupo etc., que facultarão estreitar pouco a pouco relações ao longo do tempo, até algumas delas se constituírem em amizades maduras que enriquecerão a futura vida presbiteral do atual formando.

12. Os grupos de vida “João Paulo II” e “Paulo VI” são - na vida interna, na organização e na vivência da comunidade - estruturas pedagógicas e educativas da formação:

· promovendo a responsabilidade pessoal pelo próprio crescimento, para a plena maturidade humana, cristã e presbiteral;
· propiciando um ambiente de solidariedade fraterna que possibilite de maneira concreta o crescimento dos membros dos grupos de vida nas quatro áreas básicas: oração, relações pessoais, estudo e serviço;
· facultando ao formando experiências de aprendizado dos benefícios que trazem o diálogo pessoal, a transparência na partilha, o apoio oportuno em áreas básicas e o exemplo dos outros como estímulos para o crescimento pessoal;
· promovendo relações sadias de companheirismo e amizade no seminário, que tornem desnecessárias amizades particulares exclusivistas;
· habituando o formando ao exercício de liderança e subordinação oportunas em contexto grupal, experiências práticas da dinâmica das relações de grupo;
· ensinando ao formando um modelo concreto de apoio pastoral aplicável à vida da Igreja; preparando-o, assim, para seu futuro ministério, que envolve promover lideranças e cuidar do funcionamento oportuno de comunidades eclesiais de base;
· por fim, fomentando o estabelecimento de relações de amizade, no plano diocesano, que possam perdurar no tempo e sirvam de apoio eficaz na futura vida ministerial.

O processo formativo acontece em um acompanhamento personalizado, em íntima interação com o acompanhamento de cada grupo de vida. Há momentos específicos de acompanhamento pessoal e comunitário por parte do Reitor e do Orientador Espiritual.

13. Os momentos personalizados acontecem, sobretudo, em: colóquios pessoais (pelo menos uma vez por mês) e comunitários, nas reflexões/revisões de vida mensais (comunitária, espiritual e pastoral) e na avaliação das atitudes nos relacionamentos interpessoais com cada grupo de vida:

a) Reflexão/revisão de Vida Comunitário-eclesial (RVC): Reflexão, estudo e aprofundamento das quatro áreas básicas da vida comunitária: oração, relações pessoais, estudo e serviço; visando interagir as cinco dimensões da formação, tanto a nível pessoal como comunitário, para auxiliar no discernimento e na formação integral do formando ao presbiterado.

b) Reflexão/revisão de Vida Espiritual (RVE): Reflexão e aprofundamento do mistério do homem diante de Deus na dinâmica do seguimento a Jesus, para auxiliar o formando na maturação espiritual e para suscitar nele o desejo de construir um itinerário humano-espiritual que o ajude a discernir a vocação específica e o sustente na vivência de sua fé enquanto homem que se prepara para o exercício do ministério ordenado.

c) Reflexão/revisão de Vida Pastoral (RVP): Reflexão e aprofundamento das opções pastorais fundamentais da Igreja para confrontá-las com a experiência pastoral vivida por cada formando (respeitando-se cada fase), articulando-a com as outras dimensões da formação, para que este possa tomar consciência das áreas em que necessita aprofundar ou mesmo especializar-se, dentro de uma mística que o leve a buscar se identificar com o Cristo Pastor.

I.4 - Ofícios e Serviços

14. No Seminário Maior, a vida comunitária e de cada grupo de vida é sustentada e animada pelos membros da comunidade que, no dia-a-dia, executam ofícios específicos para melhor suprir as necessidades da casa de formação e de todos que nela residem. Ao mesmo tempo, os ofícios, coordenados e conjugados harmoniosamente entre si, constituem um corpo de serviço e infra-estrutura que oferece a garantia do processo formativo e de sua qualidade. Tal procedimento facilita e, até certo ponto, cria o clima mágico de segurança, paz, fluidez que prevalece mesmo quando o formando sente-se mobilizado em suas motivações vocacionais.

15. O formando, desempenhando ofícios e serviços, participa ativamente do processo formativo: reafirmando a própria escolha vocacional; revisando estagnações e, a partir da revisão, compondo um mais rigoroso arranjo existencial de sua identidade vocacional - ora et labora.

16. Em geral, os serviços são realizados em equipe, composta por membros dos dois grupos de vida. Esta sempre existe em função do todo: cada qual, em seu ofício, coopera, colabora, para que ninguém aja isolado ou se feche em sua área de trabalho, mas coloque-se à disposição para ajudar. Esta educação para o agir solidário ajuda o formando a crescer na pró-atividade e na comunhão.

Este tempo de serviço em equipe reclama disponibilidade e dedicação, supõe atenção ao conjunto, leveza na maneira de conduzir a própria área de relações, atenção à administração do tempo, para que outras áreas da vida comunitária não fiquem prejudicadas. O tempo baliza de modo exemplar o caminho. É uma ocasião privilegiada para treinamento das habilidades de visão-de-conjunto e autodisciplina.

17. O Seminário Maior consegue desenvolver-se por meio de várias equipes de serviço, que são formadas e desempenham funções segundo a dinâmica própria da comunidade formativa. Os ofícios são:

· coordenação do mês;
· economia;
· caixa comum;
· compras/cozinha/despensa;
· liturgia;
· comunicação;
· farmácia;
· acolhida/rouparia;
· ambiente;
· secretaria/almoxarifado;
· biblioteca;
· plano de saúde.

II – QUADRO GLOBAL E PROGRESSIVO DA FORMAÇÃO PRESBITERAL NO SEMINÁRIO MAIOR

18. A formação é um processo global, orgânico, progressivo e permanente. Há que se ter em vista o Presbítero Pastor, mas não sem considerar integralmente o seu processo de amadurecimento humano-cristão.

Neste sentido, segue o resultado de um longo trabalho realizado pela equipe de formação e formandos do Seminário Maior “S. J. M. Vianney”, de modo a pontuar alguns elementos psico-pedagógicos a serem considerados ao longo do processo formativo, levando em conta as fases da formação e suas diferentes dimensões.

19. Nunca será demais recordar, que “o próprio candidato ao sacerdócio deve ser considerado protagonista necessário e insubstituível de sua formação: toda e qualquer formação, naturalmente incluindo a sacerdotal, é, no fim das contas, uma autoformação. Ninguém, de fato, nos pode substituir na liberdade responsável que temos como pessoas individuais. Certamente o futuro sacerdote, e ele antes de mais ninguém, deve crescer na consciência de que o protagonista por antonomásia da sua formação é o Espírito Santo” (PDV 69).

20. Cabe ainda ressaltar que a realidade do Seminário é dinâmica e que, portanto, este quadro global e progressivo nada mais do que orientações gerais que deverão contar com o bom senso da comunidade formativa, no sentido de adaptá-las de modo oportuno, às situações diversas.

II. 1 - Primeira Fase da Formação no Seminário Maior “São João Maria Vianney” (Filosofia): Grupo de Vida “João Paulo II”

21. O Grupo de Vida “João Paulo II” (Filosofia) é a fase da formação inicial, que dura cerca de três anos, na qual o formando conhece e experimenta o estilo de vida que a diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES lhe oferece, por meio de uma forte experiência humano-espiritual a partir das quatro áreas básicas da vida comunitária (oração, relações pessoais, estudo e serviço) para discernir sua vocação e decidir-se pelo seguimento de Jesus Cristo na Igreja Particular de Cachoeiro de Itapemirim-ES, no exercício do ministério ordenado.

22. Será admitido no Seminário Maior “São João Maria Vianney”, inicialmente no Grupo de Vida “João Paulo II” (Filosofia) o formando que:

· apresentar qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, saúde física e psíquica, iniciação à fé católica, como também sua reta intenção de se colocar em processo de formação e discernimento vocacional tendo em vista o presbiterado;
· viver a fase do propedêutico;
· for apresentado pela equipe de formação do Seminário Propedêutico;
· manifestar por escrito o desejo de assumir a nova fase da formação e discernimento vocacional de acordo com o Projeto de Formação do Seminário Maior.

II. 1. 1 - Objetivo da Primeira Fase:

23. Acompanhar o formando em sua formação integral, a partir de uma compreensão e interpretação mais profunda da pessoa humana enquanto ser de relações: consigo, com os outros, com o mundo e com Deus; na qual fará o discernimento de sua opção vocacional. Para isto, ele deve descobrir as exigências do seguimento de Jesus, exercitando-se na prática dos conselhos evangélicos, de modo que conheça e assimile progressivamente a riqueza contida na vida ministerial e integre discurso e ação, vivência comunitária e missão, a fim de, assumindo sua verdade na liberdade, poder optar pela autenticidade de sua vocação (presbiteral) no seguimento a Jesus.

II. 1. 2 – Elementos a Considerar:

A - Respondendo à pergunta: QUEM SOU EU? (IDENTIDADE)

24. Neste momento, o que caracteriza o processo formativo é facultar ao formando a possibilidade de integração, desenvolvendo uma sadia auto-estima, auto-imagem, auto-valorização, auto-confiança, auto-controle, auto-afirmação, auto-realização. Tomando posse de sua identidade psicossexual: cognitiva, emocional, social, moral e religiosa-cristã.

a) Dimensão Humano-afetivo-sexual

25. Objetivo específico:

Crescer no conhecimento e aceitação de si mesmo e ser capaz de tomar decisões livres e responsáveis, assumindo sua formação em uma contínua atitude de busca, e adquirindo capacidade de discernimento pessoal e comunitário à luz da Palavra, dos sinais dos tempos e da identidade eclesial da Igreja Particular de Cachoeiro de Itapemirim-ES, a fim de elaborar um projeto de vida, desenvolvendo um estilo próprio de relações, integrando os diferentes aspectos de sua vida e poder discernir as suas autênticas motivações vocacionais.

26. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· escuta e busca;
· consciência de sua identidade;
· confrontação de suas aspirações e suas experiências;
· colaboração, diálogo e revisão.

27. Conteúdos:

· o ser humano e suas relações;
· o ser humano e as fases da maturidade: identidade, intimidade e generatividade;
· diálogo, situações que exigem;
· transparência e confiança: sinais de abertura;
· vocação ou profissão?!;
· aceitação de sua história pessoal por meio do conhecimento.

28. Meios:

· RVC;
· RVE;
· terapia de grupo de 15 em 15 dias;
· terapia individual, segundo a necessidade;
· dividir o quarto com um companheiro;
· vivência comunitária: celebrações, refeições, lazer;
· conversa periódica com o bispo diocesano;
· elaboração do Projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

b) Dimensão Espiritual

29. Objetivo específico:

Aprofundar em um “novo estilo de vida”, cujos valores evangélicos exigem uma contínua conversão, que leva o formando a confrontar suas ações e atitudes com as de Jesus. Para assimilar na vivência fraterna, os mistérios fundamentais da fé e da vida cristã, relacionando suas opções com as de Cristo, discernindo sua vocação, celebrando a vida com identidade própria, reconhecendo o projeto histórico de Deus na dinâmica transformadora do mundo.

30. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· centrar sua afetividade em Jesus;
· confrontar suas atitudes com as de Jesus;
· atitude contemplativa: integrando oração e ação.

31. Conteúdos:

· introdução geral à espiritualidade e à vida de oração;
· espiritualidade cristã;
· os evangelhos: Jesus e sua prática de vida, sua proposta: os pobres, opções fundamentais de Jesus, exigências do seguimento de Jesus;
· a vocação a santidade;
· leitura orante da Palavra de Deus;
· discernimento espiritual.

32. Meios:

· tempos fortes de experiência de oração pessoal (diariamente 30 minutos de meditação);
· exercício de discernimento vocacional e espiritual;
· leitura orante da Palavra;
· anualmente faz-se os Exercícios Espirituais comunitários (retiro) de quatro dias;
· a cada semestre um fim de semana de aprofundamento na espiritualidade;
· celebração diária: Eucaristia e Liturgia das Horas;
· RVC;
· RVE;
· direção espiritual;
· celebração nos tempos fortes litúrgicos;
· celebração da misericórdia nos tempos de quaresma e advento;
· elaboração do Projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

B - Respondendo à pergunta: COM QUEM SOU EU? (INTIMIDADE)

33. Neste momento, o que caracteriza o processo formativo é facultar ao formando a possibilidade de integração desenvolvendo a capacidade de dar e receber afeto: empatia, respeito, autenticidade, consolidando com maturidade sua sexualidade, no companheirismo.

a) Dimensão Comunitário-eclesial

34. Objetivo específico:

Buscar a integração comunitária, partindo de um projeto comum, aprofundando sua opção vocacional e consolidando-se no meio e em relação com outros grupos de interesses similares, para amadurecer nas relações solidárias e fraternas, na consciência de grupo, na responsabilidade pela vida do grupo e solidariedade nos compromissos comunitários (oração, relações pessoais, estudo e serviço) na autonomia e criatividade; na clareza de sua identidade grupal e no aceitar e assumir os conflitos próprios da vida em comum.

35. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· sentido de abertura ao próprio grupo e a outros;
· trabalho em equipe;
· colaboração e compromisso;
· sensibilidade ante as necessidades do grupo e o de cada um;
· sentido crítico;
· cuidado com as coisas de uso comum.

36. Conteúdos:

· relações grupais;
· liderança comunitária;
· processo da vida em comunidade como realidade de comunhão e participação;
· discipulado: vivência comunitária da fé.

37. Meios:

· RVC ;
· confraternização das famílias;
· dividir o quarto com um companheiro;
· vivência comunitária: celebrações, refeições, lazer;
· caixa comum;
· ofícios e serviços;
· coordenação mensal;
· elaboração do Projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

C - Respondendo à pergunta: PARA QUEM SOU EU? (GENERATIVIDADE)


38. Neste momento o que caracteriza o processo formativo é facultar ao formando a possibilidade de integração, desenvolvendo o bom manejo do estresse: objetivar, controlar e interpretar. Consolidando com madurez sua sexualidade, na interação psicossexual.

a) Dimensão Intelectual

39. Objetivo específico:

Levar o formando a possuir uma sólida e ampla compreensão da cultura e do homem contemporâneo, um conhecimento geral e aprofundado da mentalidade científico-tecnológica e seu impacto sobre a sociedade, como também dos mistérios fundamentais da fé cristã, para, à luz destes valores, desenvolver uma consciência crítica que o capacite a posicionar-se diante do mundo contemporâneo e distinguir procedimentos científicos de pressupostos ideológicos, que freqüentemente influenciam a leitura da realidade.

40. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· abertura ao universo filosófico-cultural;
· respeito às culturas: consideração pelos valores que cada cultura possui;
· compromisso com os valores da nova evangelização ante o mundo contemporâneo.

41. Conteúdos:

· curso sistemático de filosofia e/ou outro curso na área das ciências humanas com a complementação das disciplinas filosóficas obrigatórias;
· curso de uma língua moderna;
· curso de português;
· cursos de especialização em áreas específicas (comunicação, etc...)

42. Meios:

· estudos filosóficos;
· e/ou estudo de outro curso na área das ciências humanas com a complementação das disciplinas filosóficas obrigatórias, quando a equipe de formação do Seminário Maior julgar razoável;
· estudos de especialização no período de férias;
· estudo de uma língua moderna;
· lecionar;
· RVC;
· elaboração do Projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

b) Dimensão Pastoral

43. Objetivo específico:

Integrar a experiência apostólica do formando, de projetos a médio e a longo prazos, com a reflexão iluminada pela oração, estudo e a convivência comunitária numa determinada área pastoral da diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES, para introduzi-lo em programas e projetos apostólicos realizados pela comunidade local; no conhecimento do processo de organização popular; na planificação de projetos; nos processos organizativos; na inserção em meios de exclusão; integração da experiência apostólica com todo o processo de formação; na compreensão das dificuldades humanas; no discernimento dos apelos para mudar e progredir; no reconhecimento e na acolhida dos sinais de Deus e das opções da Igreja.

44. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· compromisso com o meio para o qual se prepara para viver;
· iniciativa e criatividade;
· serviço e disponibilidade para o apostolado;
· identificação com os interesses da comunidade e do povo;
· firmeza e prudência para enfrentar conflitos;
· abertura para que seja evangelizado pelos pobres;
· constância e paciência histórica no processo de inserção nos meios marginalizados.

45. Conteúdos:

· elementos de organização, planificação e programação;
· conhecimento dos diferentes apostolados e lugares de inserção;
· doutrina social da Igreja;
· dinâmicas de grupo;
· formação da consciência crítica;
· como trabalhar com o povo;
· como trabalhar com o excluído;
· como valorizar e usar, com sentido crítico, os meios de comunicação necessários para conhecer e julgar a realidade atual (especialmente o rádio e o jornal).

46. Meios:

· RVC;
· RVP;
· experiência pastoral do formando junto às comunidades eclesiais de base na diocese;
· experiência de voluntariado junto a situações/áreas diversificadas (orfanato, asilo, hospital, etc);
· prática de comunicação, valendo-se dos meios que a diocese oferece (rádio, jornal, internet);
· semana pastoral missionária no período de férias (julho e/ou dezembro/janeiro);
· exercício dos ministérios extraordinários da Pregação da Palavra de Deus e da distribuição da Eucaristia nas comunidades e paróquias onde atuam sem substituir os ministros leigos locais;
· conversa periódica com o bispo diocesano;
· elaboração do Projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

47. A experiência pastoral:

A experiência pastoral do formando acontece de maneira dinâmica e processual em uma área pastoral específica – uma ou mais paróquias da diocese de Cachoeiro de Itapemirim –, acompanhada pelo pároco e orientada pelo formador.

O engajamento pastoral deve se prolongar durante todo o ano letivo, nos fins de semana, ou seja, sexta-feira, após as atividades da casa, até domingo à noite, isto sem prejudicar os estudos. Durante as férias de julho, o formando realiza uma semana missionária em uma outra paróquia da diocese, que não seja a mesma em que ele está atuando. Nos demais períodos de férias escolares, são valorizados os contatos com a própria família e a comunidade de origem, cursos de aprofundamento ou outras experiências pastorais.

Para a escolha do engajamento pastoral e a experiência missionária no período de férias leva-se em consideração:
· as opções pastorais diocesanas;
· as aptidões e inclinações do próprio formando;
· as aptidões e condições do presbítero que o acolherá e acompanhará;
· as situações de maior necessidade ou carência da paróquia e/ou diocese;
· as situações pessoais que necessitam ser aprofundadas.

O formando deve fazer uma experiência pastoral enquanto agente externo, não ocupando o lugar da liderança local; deve, portanto, vivenciar experiências pastorais que o ajude a crescer e amadurecer no discernimento para a vivência do ministério ordenado, tais como:
· inserção na vida da comunidade, com participação ativa em uma comunidade eclesial, empenhando-se, em especial, na animação das equipes familiares, pastorais, grupos, movimentos e conselhos pastorais comunitários;
· inserção em meios de exclusão, em favor da justiça social e da caridade; participação em: COMIPA, Pastorais sociais, Pastoral da Acolhida, serviços voluntários;
· proclamação da Palavra nos vários contextos do serviço ministerial: kerigma, catequese, preparação para os sacramentos, partilha da Palavra nas celebrações; apresentação de programa de rádio; administração de cursos de formação; formação de agentes comunitários dos diversos segmentos da sociedade;
· práxis litúrgica: o serviço do altar; direção de celebrações; animação da vida orante da comunidade eclesial; ajuda na distribuição da eucaristia aos idosos e doentes.

O trabalho pastoral do formando deve ser devidamente planejado, acompanhado e avaliado, evitando qualquer tipo de improvisação, imediatismo, empirismo e/ou pragmatismo.

Portanto, a formação pastoral não deve se reduzir a uma série de tarefas ou de experiências pastorais, desconexas entre si e mal justapostas a outros aspectos da formação.

A inserção na comunidade eclesial deve ser a mais próxima possível da realidade do povo. Para que isto ocorra, faz-se necessário tomar a casa paroquial não por estadia ou como morada de fins de semana, mas como ponto de apoio para possibilitar sua inserção. Quando possível, o formando deve se fazer presente e até dormir nas casas de famílias da comunidade que estiver acompanhando.

O formando, nesta fase, deve aprender a integrar a dialética do saber trabalhar e saber descansar. Para tanto, precisa planejar-se para que sua presença junto às comunidades nunca seja inferior a dois finais de semana por mês e, ao mesmo tempo, seja possível ter um final de semana por mês de descanso, sem prejudicar os seus compromissos formativos.

II. 1. 3 - Do término da primeira fase (filosofia):

48. No final desta fase de discernimento vocacional e formação, o formando poderá receber dos formadores, considerando os diversos graus de maturidade humana e espiritual, quatro orientações de encaminhamento de seu projeto vocacional:

· ingresso imediato no Grupo de Vida “Paulo VI” (teologia);
· acompanhamento fora do seminário para decidir sua possível entrada no Grupo de Vida “Paulo VI” (teologia);
· orientação para outro projeto;
· orientação para a vida religiosa.

II. 2 - Segunda Fase da Formação no Seminário Maior “São João Maria Vianney”: Grupo de Vida “Paulo VI” (Teologia)

49. O Grupo de Vida “Paulo VI” (teologia) é a última fase da formação inicial, tendo a duração de cerca de quatro anos. Nesta fase, o formando continua a formação integral, incorporando-se totalmente à Igreja Particular de Cachoeiro de Itapemirim, onde confirma e aprofunda seu carisma pessoal; unifica sua vida no amor pessoal a Jesus, entregando-se ao Reino, consagrando-se a Deus e preparando-se para assumir os ministérios próprios de sua condição – ou seja, o leitorado e o acolitado – bem como as ordens do diaconado e o presbiterado.

50. Será admitido ao Grupo de Vida “Paulo VI” (teologia) o formando que:

· apresentar qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, saúde física e psíquica, como também sua reta intenção de preparar-se para a consagração perpétua ao ministério sagrado;
· tiver, no final do percurso de discernimento vocacional e formação da primeira fase do Seminário Maior (filosofia), alcançado maturidade humana e espiritual para vivenciar a nova fase da formação;
· manifestar por escrito o desejo de iniciar a fase de preparação mais próxima para o presbiterado;
· for admitido à nova fase pelo Conselho de Ordens e Ministérios, mediante apresentação do Reitor do Seminário Maior.

II. 2. 1 - Objetivo da Segunda Fase:

51. Buscar que a opção vocacional seja madura e estável, bem como uma preparação integral a partir das verdades reveladas por Deus em Jesus Cristo e da experiência de fé da Igreja, estimulada com base na vida fraterna e solidária no seguimento a Jesus Cristo. Para que o formando possa autenticamente consagrar-se a Deus, configurando-se a Cristo na total dedicação à Igreja no exercício do ministério presbiteral na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

II. 2. 2 – Elementos a Considerar:

A - Respondendo à pergunta: QUEM SOU EU? (IDENTIDADE)

52. Neste momento, o que caracteriza o processo formativo é facultar ao formando a possibilidade de configuração com o Cristo, desenvolvendo o senso do mistério, consolidando com maturidade sua opção de seguimento a Cristo, no estado celibatário, como opção consciente e livre no contexto de uma solidão prazerosa.

a) Dimensão Humano-afetivo-sexual

53. Objetivo específico:

Consolidar a abertura ao processo de maturação: aprendendo a afrontar os conflitos, superar os obstáculos, assumir responsabilidades e alcançar metas. Para chegar a uma “opção definitiva”, em fidelidade ao Deus da história, que significa busca, docilidade, abertura, vivendo, às vezes, a insegurança e a dúvida, responsabilizando-se por sua tarefa de formação, desenvolvendo um sadio senso de identidade, um cálido senso de pertença à Igreja diocesana, uma solidária fraternidade com seus semelhantes e um sólido senso de missão como sentido último da própria existência.

54. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· fidelidade à opção feita;
· constância em seu projeto histórico;
· fidelidade a seu projeto de vida.

55. Conteúdos:

· visão integrada de maturidade humana e maturidade cristã;
· a maturidade do leigo e do aspirante à vida presbiteral;
· a maturidade para o presbitério;
· retomar sua experiência e confrontá-la com outros à luz da fé;
· testemunhos de vocações hoje;
· homem livre para morrer como testemunho da justiça.

56. Meios:

· RVC;
· RVE;
· workshop terapêutico pelo menos três vezes por ano;
· terapia individual, segundo a necessidade;
· vivência comunitária: celebrações, refeições, lazer;
· estudo específico que envolve “relação pastoral de ajuda”;
· pastoral em área específica;
· projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

b) Dimensão Espiritual

57. Objetivo específico:

Ajudar o formando a fazer uma opção definitiva por Jesus, a partir de um compromisso radical com o Evangelho, crescendo na união e configuração a Ele, em contínua docilidade ao Espírito, que se manifesta em atitude de vida fraterna e de entrega à missão, para discernir sua opção a partir da fé, em experiências comunitárias, constatar na história a ação salvadora de Deus e viver a fé no compromisso e na reflexão.

58. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· profética: anúncio e denúncia;
· comunhão com Deus;
· vivência da fé encarnada;
· contemplação na ação.

Conteúdos:

· espaços para retomar periodicamente seu compromisso com outros à luz da fé;
· espiritualidade da Cruz e da Ressurreição;
· espiritualidade do Padre Diocesano;
· o ontem e o hoje da evangelização.

60. Meios:

· tempos fortes de experiência de oração (diariamente 30 minutos de meditação);
· anualmente faz-se os Exercícios espirituais comunitários (retiro) de no mínimo quatro dias;
· a cada semestre um final de semana de aprofundamento na espiritualidade;
· celebração diária: Eucaristia e Liturgia das Horas;
· leitura orante da Palavra;
· RVC;
· RVE;
· direção espiritual;
· celebração nos tempos litúrgicos fortes;
· celebração da misericórdia nos tempos da quaresma e advento.
· antes de ser admitido como Candidato às ordens, faz-se os Exercícios Espirituais (retiro);
· projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

B - Respondendo à pergunta: COM QUEM SOU EU? (INTIMIDADE)

61. Neste momento, o que caracteriza o processo formativo é facultar ao formando a possibilidade de vivência eclesial mais intensa, desenvolvendo o senso de comunhão, consolidando com madurez sua opção de consagração a Cristo na Igreja Diocesana, como canalização sadia da afetividade, no contexto de uma interação afetuosa.

a) Dimensão Comunitário-eclesial

62. Objetivo específico:

Capacitar a planejar sua ação comunitária, fazendo opção por uma pastoral diferenciada, e realizando seus processos pessoais com a ajuda do próprio grupo e de outras comunidades, sob uma perspectiva de compromisso e co-responsabilidade, para que se identifique profeticamente com a Igreja e sinta-se enviado a anunciar sua própria experiência de salvação em uma vida de comunhão e participação, co-responsabilizando-se pela libertação dos seres humanos.

63. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· partilha de conhecimentos e capacidades;
· participação em comunidade;
· colaboração e compromisso;
· abertura ao diálogo;
· sentido de pertença à Igreja;
· serviço e entrega à comunidade eclesial;
· inserção na Igreja Particular de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

64 Conteúdos:

· cenários novos de expressão comunitário-eclesial e as CEB’s;
· reflexão e avaliação das ações comunitárias;
· análise crítica dos diversos acontecimentos eclesiais;
· conselhos evangélicos;
· identidade do presbítero diocesano;
· maturidade sacerdotal;
· tríplice múnus: sacerdote, profeta e rei.

65. Meios:

· RVC;
· confraternização das famílias;
· vivência comunitária: celebrações, refeições, lazer;
· caixa comum;
· ofícios e serviços;
· coordenação mensal;
· pastoral em área específica;
· conversa periódica com o bispo diocesano;
· projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador;

C - Respondendo à pergunta: PARA QUEM SOU EU? (GENERATIVIDADE)

66. Neste momento, o que caracteriza o processo formativo é facultar ao formando a possibilidade do exercício do serviço ministerial e evangelizador, desenvolvendo o senso de missão. Consolidando com madurez sua opção de consagração a Cristo na Igreja Diocesana, como opção fundamental e significativa, no contexto de um propósito vital existencialmente realizador.

a) Dimensão Intelectual

67. Objetivo específico:

Levar o formando a possuir uma visão sistemática e orgânica das verdades reveladas por Deus em Jesus Cristo e da experiência de fé da Igreja a partir do âmbito sócio-político-econômico-religioso atual, dando-lhe condições de articular uma reflexão e postura crítica a partir dos dados oferecidos pela teologia, através das disciplinas estudadas, das experiências pessoais e das reflexões surgidas ao longo do curso, para conduzir o formando a investigar, aprofundar e explanar sistematicamente o específico da Revelação contida na mensagem cristã percebendo o mundo com todos os seus desafios, capacitando-se continuamente a responder, à luz da fé, a esses desafios, em comunhão com toda a Igreja e buscando dedicadamente desenvolver uma teologia que procure harmonizar as exigências científicas com as necessidades evangelizadoras.

68. Atitudes:

Cumprindo este objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· discernimento;
· compromisso com o povo oprimido culturalmente;
· inculturação não de um modelo, mas da mensagem, da fé;
· testemunho dos valores da nova evangelização ante o mundo contemporâneo.

69. Conteúdos:

· curso sistemático de teologia;
· término do curso de graduação em outra ciência, quando iniciado na primeira fase da formação;
· curso das línguas bíblicas;
· curso da língua latina;
· curso de especialização em diversas áreas: Liturgia, Catequese, Comunicação, informática etc.

70. Meios:

· estudos teológicos;
· término do estudo de outra ciência no nível de graduação sem prejuízo do curso de teologia;
· estudo de especialização em alguma área de interesse formativo no período de férias;
· estudo das línguas Bíblicas;
· RVC;
· lecionar nas escolas de teologia pastoral;
· Projeto de Vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

b) Dimensão Pastoral

71. Objetivo específico:

Enviar o formando “em missão” pela Diocese por intermédio da Equipe de formação do Seminário Maior, conseguindo a unidade de vida pela adesão incondicional à Pessoa de Cristo e à sua missão, comprometendo-se com a promoção da justiça e da libertação, para, assim, prepará-lo para o exercício do tríplice múnus de Cristo:
· o ministério da Palavra: para que a Palavra de Deus revelada seja por ele cada vez melhor entendida, aproxime-se dela pela meditação, e saiba comunicá-la por palavras e com a vida;
· o ministério do culto e da santificação: para que, pregando e celebrando as ações litúrgicas, saiba exercitar a obra da salvação por meio do sacrifício eucarístico e dos outros sacramentos;
· o ministério de pastores: para que saiba apresentar aos homens Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos, fazendo-se servo de todos.

72. Atitudes:

Cumprindo esse objetivo, o formando deverá ter adquirido a contento as seguintes atitudes:
· consciência clara do que se quer e se faz;
· sabedoria para administrar conflitos;
· retidão moral na administração dos bens eclesiais;
· questionamento profundo das estruturas com visão cristã;
· audácia e cautela no atuar;
· valorização do bem comum;
· vivência celebrativa do mistério da fé;
· compromisso com obras concretas.

73. Conteúdos:

· o aporte cristão no exercício do sócio-político;
· organizações populares;
· metodologia para elaborar projetos na pastoral;
· visão orgânica e sistemática da Ação Evangelizadora;
· estudos de especialização;
· práticas litúrgicas;
· teoria Geral da Administração.

74. Meios:

· RVC;
· RVP;
· a experiência pastoral;
· lecionar nas escolas de teologia pastoral;
· assessoria de encontros diocesanos e regionais;
· laboratório de liturgia a partir do 3º ano de teologia;
· acompanhamento de uma pastoral ou dimensão a nível regional ou diocesano;
· prática de comunicação, valendo-se dos meios que a diocese oferece (rádio, jornal, internet);
· semana pastoral no período de férias (julho e dezembro);
· exercício dos ministérios extraordinários da Pregação da Palavra de Deus e da distribuição da Eucaristia nas comunidades e paróquias em que atuam sem substituir as lideranças locais;
· conversa periódica com o bispo diocesano;
· projeto de vida: “Orientação pessoal de vida e aliança com Deus”;
· conversa periódica com o formador.

75. A experiência pastoral:

A formação pastoral comporta um aspecto teórico e um aspecto prático, vivencial. O estudo da teologia pastoral é ministrado no curso teológico e, simultaneamente, o formando vivenciará experiências pastorais.

O trabalho pastoral do formando deve ser devidamente planejado, acompanhado e avaliado, a partir de revisões com o formador e com o padre que o acompanha. Devem-se evitar improvisações, imediatismos, empirismo, pragmatismo. E, ainda, cuidar para que a experiência não se reduza a uma série de tarefas ou de experiências pastorais, desconexas entre si e mal justapostas a outros aspectos da formação.

O engajamento pastoral, dentro do período letivo se realiza nos fins de semana, ou seja, sexta-feira após as atividades da casa até domingo à noite, isto sem prejudicar os estudos. Durante as férias escolares, o formando realiza pelo menos uma semana pastoral na paróquia onde está atuando; valorizando também estes períodos para os contatos com a própria família e a comunidade de origem, cursos de aprofundamentos, realização de semanas missionárias ou outras experiências pastorais. No caso do formando que estiver no estágio pastoral, após a conclusão do trabalho monográfico de síntese, sua presença na paróquia pode ser revista e ampliada.

Para que se possa viabilizar a presença e a pastoral do formando na paróquia e, assim, possibilitar que este faça uma boa entrada no corpo presbiteral, pede-se que a paróquia contribua com: as passagens interurbanas necessárias para o formando desempenhar sua experiência pastoral; e, sendo possível, o plano de saúde básico e/ou um pequeno pró-labore.

76. Para a escolha do engajamento pastoral, leva-se em consideração:

· as opções pastorais diocesanas;
· as aptidões e inclinações do próprio formando;
· as aptidões e condições dos presbíteros que acolherão e acompanharão o formando;
· as situações de maior necessidade ou carência.

77. O formando deve vivenciar experiências pastorais que o ajudem a crescer e amadurecer na vivência dos serviços eminentementes presbiterais, tais como:

· ministério da Palavra: nos vários contextos do serviço ministerial: kerigma, catequese, preparação para os sacramentos, partilha da Palavra nas celebrações; administração de cursos de formação; formação de agentes comunitários dos diversos segmentos da sociedade;
· ministério do culto e da santificação: serviço do altar, direção de celebrações, animação da vida orante da paróquia, ajuda na distribuição da Eucaristia para idosos e doentes, orientações de exercícios espirituais (retiros), orientação espiritual;
· ministério de pastor: empenho, em especial na animação das pequenas comunidades, equipes familiares, grupos e movimentos; empenho em favor da justiça social e da caridade, animação e participação: COMIPA, Pastorais sociais, Conselhos municipais, como também administração da vida paroquial.

Para ajudar o desenvolvimento da experiência pastoral do formando, pede-se que o mesmo elabore um “projeto pastoral” que explicite os pontos centrais que necessita aprofundar a partir da demanda da realidade na qual estará inserido e de suas necessidades pessoais.

78. A experiência pastoral do formando acontece em dois momentos:

a) Em um primeiro momento, em uma paróquia e/ou área pastoral específica, o trabalho pastoral é realizado pelo formando antes de ser admitido como candidato ao diaconado e presbiterado e acompanhado pelo pároco ou por outro presbítero designado como Orientador Pastoral e supervisionado pelo formador.

O formando deve fazer uma experiência pastoral que o leve a desenvolver substancialmente a escuta. Para que isto seja possível, deve fazer pastoral em uma área específica (grupo de comunidades ou setor pastoral), e, ao mesmo tempo, ir se enamorando, a partir de suas dificuldades e de seus talentos, por uma pastoral ou uma dimensão específica a nível paroquial, para que possa desenvolver sua capacidade de assessoria, como também, para compreender a dinâmica de funcionamento da respectiva pastoral ou dimensão a nível paroquial.

Em nenhum momento fica vetado ao formando colaborar com outros projetos formativos a nível paroquial ou diocesano, desde que não atrapalhe sua inserção na área pastoral onde está fazendo o seu trabalho pastoral.

A inserção na pastoral paroquial deve ser a mais próxima possível da realidade do povo. Para que isto ocorra, faz-se necessário tomar a casa paroquial não por estadia ou como morada de fins de semana, mas sim como ponto de apoio para possibilitar sua inserção. Quando possível, fazer-se presente e até dormir nas casas de famílias das comunidades que estiver acompanhando.

O formando, neste período, deve aprender a integrar a dialética do saber trabalhar e saber descansar. Para isso, é profundamente aconselhável que tenha um final de semana por mês de folga. Porém, precisa planejar-se para que a sua presença junto a paróquia na qual está trabalhando nunca seja inferior a dois finais de semana.

b) Num segundo momento, acontece o estágio pastoral preparatório para a ordenação diaconal, que se inicia com a admissão do formando como candidato ao diaconado e presbiterado e prolonga-se até sua ordenação diaconal, feito em uma área específica (paróquia) sendo acompanhado pelo padre responsável, supervisionado pelo formador e pelo bispo diocesano.

No estágio o candidato deve ter a possibilidade de desenvolver organicamente sua experiência pastoral através de um engajamento em uma área (paróquia) da qual procurará conhecer a história para respeitar sua caminhada e ter experiência pastoral diversificada que o capacite para uma visão de conjunto da ação pastoral e integre sua dimensão humano-afetiva-sexual nas relações humanas e nos contatos pastorais como pastor responsável por um rebanho.

Neste período o candidato assume os ministérios próprios de sua condição (leitorado, acolitado, diaconado) que preparam mais proximamente ao ministério presbiteral.

III - DOS MINISTÉRIOS E ORDENAÇÕES

79. Ao longo do percurso de discernimento vocacional e formação da segunda fase (teologia), o formando poderá receber dos formadores, cinco orientações de encaminhamento de seu projeto vocacional:

· imediata recepção dos ministérios previstos e pedidos;
· necessidade de amadurecimento humano-espiritual para uma posterior recepção dos ministérios previstos e pedidos;
· acompanhamento fora da comunidade formativa;
· orientação para outro projeto;
· orientação para a vida religiosa;

80. Admissão como Candidato ao Diaconado e Presbiterado: para admissão entre os candidatos ao diaconado e presbiterado, exige-se requerimento livremente escrito e assinado de próprio punho pelo aspirante, e aceitação, por escrito, dada pelo reitor do Seminário Maior, como expressão da escolha realizada pela Igreja. O requerimento é analisado pelo Conselho de Ordens e Ministérios e por ele aprovado ou não.

Será aceito o aspirante que apresentar sinais de verdadeira vocação, obediência de fé à doutrina, qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, saúde física e psíquica, e uma consciência correspondente das novas responsabilidades que aspira, e que queira dedicar sua vida ao serviço da Igreja Particular de Cachoeiro de Itapemirim, para a glória de Deus e o bem dos seres humanos. É necessário que o aspirante tenha ao menos vinte e um anos completos e tenha iniciado os estudos teológicos.

Tendo sido aceito, o formando deve, de modo especial, cuidar de sua vocação e cultivá-la mais intensamente; adquire o direito aos auxílios espirituais necessários para cultivar sua vocação e obedecer incondicionalmente à vontade de Deus; expressando seriamente seu compromisso e empenho na busca da santidade.

81. Ministérios: o formando requererá a recepção dos ministérios de leitor e acólito após ter demonstrado um efetivo crescimento humano-espiritual e uma consciência correspondente das novas responsabilidades e do grau que aspira.

A instituição nos ministérios de leitor e acólito será conferida somente após o término do segundo ano do curso de teologia, exigindo-se requerimento livremente escrito e assinado de próprio punho pelo formando e a aceitação por escrito dada pelo reitor do Seminário Maior, como expressão da escolha realizada pela Igreja.

O requerimento é analisado e aprovado ou não pelo Conselho de Ordens e Ministérios. Somente após a aprovação do Conselho de Ordens e Ministérios o formando é apresentado ao bispo.

O candidato ao diaconado e presbiterado deve receber os ministérios de leitor e acólito e exercê-los durante um período conveniente, a fim de melhor se dispor para o futuro serviço da Palavra e do Altar.

82. Ordens Sagradas: para que possa ser promovido à ordem do diaconado o candidato deve:

· ter sido batizado e crismado;
· apresentar fé íntegra, qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, saúde física e psíquica, e uma consciência correspondente das novas responsabilidades e do ministério ordenado que aspira;
· estar imbuído de uma reta intenção de se consagrar perpetuamente ao ministério sagrado e disposição de buscar a santidade;
· ter concluído o curso de Teologia;
· ter exercido por um tempo conveniente os ministérios de leitor e acólito;
· requerer da equipe de formação a admissão e recebimento da ordem sagrada;
· apresentar o requerimento e ser aprovado, depois de acurado exame, ouvindo-se padres e leigos que o conhecem;
· entregar ao Bispo Diocesano, através da equipe de formação, uma declaração escrita de próprio punho e assinada, na qual ateste que vai receber espontaneamente e livremente a ordem sagrada do diaconado, que pretende dedicar-se perpetuamente e livremente ao ministério eclesiástico na Igreja Particular de Cachoeiro de Itapemirim e ao mesmo tempo, pede para ser admitido e receber a ordem sagrada do diaconado;
· ter sido aprovado no exame de jurisdição.

83. Para que possa ser promovido à ordem do presbiterado o candidato deve:

· ter concluído o curso de Teologia;
· ter exercido por um tempo conveniente a ordem do diaconado;
· apresentar fé íntegra, qualidades humanas e morais, espirituais e intelectuais, saúde física e psíquica, e uma consciência correspondente das novas responsabilidades e do ministério do presbiterado;
· estar imbuído de uma reta intenção de se consagrar perpetuamente ao ministério sagrado do presbiterado, buscando a santidade;
· estar consciente de que deve buscar uma contínua formação permanente;
· requerer da equipe de formação a admissão e recebimento da ordem sagrada do presbiterado;
· entregar ao Bispo Diocesano, através da equipe de formação, uma declaração escrita de próprio punho e assinada, na qual ateste que vai receber espontaneamente e livremente a ordem sagrada do presbiterado e que pretende dedicar-se perpetuamente ao ministério eclesiástico na Igreja Particular de Cachoeiro de Itapemirim e ao mesmo tempo, pede para ser admitido e receber a ordem sagrada do presbiterado.

O formando promovido às ordens sagradas deve dedicar-se aos exercícios espirituais, ao menos por cinco dias, no lugar e modo determinado pelo bispo diocesano, próximo à data de ordenação.

E, ainda, o formando promovido à ordem do diaconado, diante do Bispo Diocesano ou de seu delegado, tem obrigação de fazer, pessoalmente, a profissão de fé segundo a fórmula aprovada pela Sé Apostólica.

IV - DA MANUTENÇÃO

84. O Seminário Maior é mantido, no que se refere às despesas, pela Cúria Diocesana, que repassa mensalmente um fundo de manutenção para a formação e à qual se presta contas também mensalmente. O gerenciamento do movimento financeiro é realizado pelo reitor, auxiliado pelo ecônomo, com a colaboração dos formandos: um como auxiliar de economia e outro, em forma de rodízio, como coordenador do mês.

Sempre é incentivada a participação das comunidades eclesiais, como também das famílias dos candidatos ao presbiterado, na manutenção do Seminário Maior, através de campanhas e doações mensais.

V - DISPOSIÇÕES GERAIS

85. Observando as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre os seminaristas egressos, o Seminário Maior poderá admitir ao processo de formação formando vindo de outro seminário desde que:

· manifeste por escrito o desejo de iniciar a fase de preparação de acordo com os objetivos do Seminário;
· entregue uma carta de apresentação do seu superior ou ex-superior;
· realização de um estágio de adaptação em uma paróquia da diocese, quando a equipe de formação julgar necessário;
· entregue um laudo psicológico, subscrito por um profissional da psicologia indicado pelo Seminário, sobre a estrutura de personalidade e orientação vocacional;
· seja aprovado pelo Conselho de Ordens e Ministérios.

86. O formando que deixar o Seminário Maior e pedir para retornar será readmitido desde que:

· manifeste por escrito o desejo de reiniciar a fase de preparação de acordo com os objetivos do Seminário;
· entregue um laudo psicológico, subscrito por um profissional da psicologia indicado pelo Seminário, sobre a estrutura de personalidade e orientação vocacional, quando a equipe de formação julgar necessário;
· seja aprovado pelo Conselho de Ordens e Ministérios.

87. O formando que deixar o Seminário Maior orientando-se para outro projeto de vida, requerendo à equipe de formação, poderá receber um acompanhamento humano-espiritual para continuar discernindo e se trabalhando no aprofundar da vontade de Deus para sua vida, e, assim, poder viver de forma madura a sua vocação cristã como fiel cristão leigo.
88. O Seminário Maior guarde com o máximo cuidado todos os documentos relativos a cada seminarista, bem como os documentos relativos ao próprio Seminário. Tal documentação seja guardada em lugar seguro, dispostos em ordem e diligentemente fechados. O acesso à documentação pessoal dos seminaristas é reservado ao Reitor. Após a ordenação presbiteral a documentação de cada seminarista deve ser imediatamente remetida ao Bispo Diocesano juntamente com o parecer do Reitor.
89. O reitor do Seminário Maior é membro nato da equipe diocesana do Serviço de Animação Vocacional (SAV).

90. Os formadores participem, na medida do possível, dos cursos de formação permanentes promovidos pela Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB) e Organização dos Seminários e Institutos da América Latina (OSLAM).